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OCLUSÃO DE APÊNDICE ATRIAL ESQUERDO

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Daiane Cristina de Almeida


Introdução


A oclusão do apêndice atrial esquerdo (OAAE) é uma opção invasiva para a prevenção de eventos cardioembólicos, pacientes com fibrilação atrial não valvar com contraindicação ou falha na terapia com anticoagulação oral compõe o perfil de fatores para indicação deste procedimento. (1)


A Fibrilação Atrial (FA) é uma arritmia cardíaca muito frequente, sua prevalência acomete a população em geral, sendo mais encontrada a partir dos 70 anos. (2)


O tamanho do átrio é um preditor importante para o desenvolvimento da FA. O envelhecimento e a obesidade são outros fatores que corroboram para a alta taxa de incidência de FA. (3,4) A FA causa estagnação do sangue na câmara atrial, levando a formação de trombos, que em 90% estão localizados no apêndice atrial esquerdo (AAE) evidenciados por autopsias e ecocardiograma em paciente com FA não valvar, demonstrados por estudos. (1)


A FA está diretamente ligada ao AVC sendo caracterizado como um evento secundário, são mais graves, causam mais seqüelas, têm maior chance de recorrência e 15% deles levam a óbito. Portanto a prevenção eficaz se faz necessária.(5,6)


No caso de insucesso do tratamento de controle da freqüência cardíaca sendo químico ou elétrico, é necessário adotar abordagens terapêuticas para prevenção dos acidentes tromboembólicos, em especial o acidente vascular cerebral (AVC). (5)


A OAAE não é um procedimento que acontece rotineiramente em um laboratório de hemodinâmica, diante disso esta revisão tem por objetivo de agregar conhecimento sobre um procedimento, que impacta positivamente na melhoria qualidade de vida dos pacientes.


Apêndice Atrial Esquerdo O apêndice atrial esquerdo (AAE) possui óstio ovalado, múltiplos lobos, parede fina e corpo angulado. É um remanescente embrionário do átrio esquerdo, localiza-se anterolateral no sulco atrioventricular do coração e composto por músculos pectíneos trabeculados.. (7)


Em sua maioria apresentam mais de um lobo, com diferentes aspectos e são classificados conforme seu formato, evidenciado por tomografia computadorizada foram descritos como: cacto, couve flor, asa de galinha e biruta. (7)


Sendo o formato de cacto que mais se correlacionam com eventos embólicos e o formato de asa de galinha são os que menos se correlacionam com eventos embólicos, demonstrados por alguns estudos. (7)


A OAAE tornou-se uma alternativa na prevenção de eventos tromboembólicos em portadores de FA não valvar, após obter insucesso a
anticoagulação oral (ACO), seja com varfarina ou anticoagulantes orais diretos (DOAC). (3)


Existe também o tratamento do AAE por exclusão cirúrgica realizada pela primeira vez em 1949. (8)


Em 2001 iniciaram as tentativas de desenvolver um dispositivo que conseguisse ocluir de forma percutânea o AAE. Começando com a PLAATO e após surgiram outras como Watchman, Oclusor septais Amplatzer, Amplatzer Cardiac Plug, Amulet e LAmbre. (5)


Os estudos indicam que essas complicações vêm sendo minimizadas com a ascendência na curva de aprendizado dessa nova técnica. (3)


Principais indicações para Oclusão de Apêndice Atrial Esquerdo OAAE:


- FA com alto risco de eventos tromboembólicos, AVC isquêmico, acidente isquêmico transitório, embolia periférica. (3)
- Limitação de uso de anticoagulantes orais (ACO) com histórico de AVC hemorrágico e outros sangramentos maiores. (3)
- Instabilidade na resposta terapêutica dos ACO. (3)
- Apresentar anatomia adequada ao ecocardiograma. (3)


Considerações Finais:
A Oclusão percutânea do AAE apresenta-se como uma estratégia terapêutica eficaz na prevenção de eventos tromboembólicos, em pacientes com FA que apresentam alta probabilidade de AVC, com contra indicações ou dificuldades para anticoagulação. Contribuindo significativamente para maior expectativa de vida dos pacientes.


Referências:


1. Torres RF, Silva GB, Torres RA, Balbi Filho EM, Marques GL, Chamié F. Oclusão percutânea complexa do apêndice atrial esquerdo com o dispositivo LAmbre™ em paciente com antecedente de correção cirúrgica de comunicação interatrial. J Transcat Interven. 2019;27:eA20190003.
2. Chamié F, Guérios E, Fuks V, Bösiger A, Carvalho, Araujo J O de Q. Oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo com AMPLATZER® Cardiac Plug para prevenção de fenômenos tromboembólicos na fibrilação atrial crônica. Rev Bras Cardiol Invasiva.
2015;23(3):177-182.
3. Ferreira E, Albuquerque DC de. Hemodinâmica e cardiologia intervencionista para o clínico. Rio de Janeiro: Rubio, 2021; p397-407.
4. Martinelli Filho, Martino et al. Diretriz de fibrilação atrial. Arquivos Brasileiros de Cardiologia [online]. 2003, v. 81, suppl 6 [Acessado 26 Julho 2021] , pp. 2-24. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0066-782X2003002000002>. Epub 02 Jun 2004. ISSN
1678-4170. https://doi.org/10.1590/S0066-782X2003002000002.
5. Guérios EE, Chamié F. Oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo: estado da arte. J Transcat Interven. 2019;27:eA201902.
6. Quizhpe AR, Cadavid AF, Córdova MA, Vintimilla J, Ortega C, Vázquez X, González MF, Salto E, Astudillo A, Córdova D. Oclusão Percutânea do Apêndice Atrial Esquerdo com Prótese Watchman®. Rev Bras Cardiol Invasiva. 2014;22(1):56-63.
7. Kimura T, Takatsuki S, Inagawa K, Katsumata Y, Nishiyama T, Nishiyama N, Fukumoto K, Aizawa Y, Tanimoto Y, Tanimoto K, Jinzaki M, Fukuda K. Anatomical characteristics of the left atrial appendage in cardiogenic stroke with low CHADS2 scores. Heart Rhythm. 2013
Jun;10(6):921-5. doi: 10.1016/j.hrthm.2013.01.036. Epub 2013 Feb 4. PMID: 23384894.
8. Madden JL. Resection of the auricular appendix: a prophylaxis for recurrent arterial emboli. J Am Med Assoc 1949; 140(9):769-72.

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