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A IMPORTÂNCIA DO TEMPO NO ATENDIMENTO AO PACIENTE COM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO COM SUPRADESNIVELAMENTO DO SEGMENTO ST

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“TEMPO É MÚSCULO”

 

Segundo o Ministério da Saúde, o índice de mortalidade por infarto do coração, atinge cerca de 66 mil pessoas.O Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnivelamento do ST (IAMCSST)é uma situação clínica de extrema gravidade, com risco de vida e que se caracteriza como emergência médica. Ela é a mais crítica apresentação das Síndromes Coronarianas Agudas (SCA).

Esta doença, é gerada a partir da obstrução total, por presença de placa aterosclerótica, de uma das artérias coronarianas que nutre o músculo do coração, por esse motivo, o atendimento ao paciente acometido por esta patologia, tem como foco principal reduzir o tempo de início do evento isquêmico até o tratamento que irá restaurar a perfusão miocárdica, ou seja, o tempo é fator determinante para o benefício e sucesso do tratamento.

Geralmente os primeiros sintomas, em 75-85% dos casos, se dão por dor torácica aguda persistente ao repouso, podendo ser desencadeada por exercício ou estresse, com duração maior ou igual a 20 minutos, irradiada para membros superiores e pescoço, associada ou não à dispneia, náusea e vômitos. Porém, muitos pacientes, não valorizam este sintoma como sendo indicativo de infarto e demoram a procurar um serviço de saúde, o que acaba elevando os números de mortalidade.Grande maioria das mortes por IAM, ocorrem nas primeiras horas de manifestação da doença. Segundo dados coletados no artigo base, aproximadamente 40 a 65% das mortes ocorrem na primeira hora, e cerca de 80% durante as primeiras 24 horas.

A abordagem do paciente com suspeita de IAMCSST em ambiente hospitalar, busca um diagnóstico preciso, por meio de história clínica direcionada, investigação dos sintomas atuais e pregressos (início da dor, duração, intensidade, relação com esforço e repouso) e presença de doença coronária (angina), além de observarem fatores de risco para manifestação atípica do Infarto Agudo do Miocárdio.

Durante a realização da anamnese, é ideal que a equipe de enfermagem realize o Acesso Venoso Periférico, de preferência no braço esquerdo, pois a reperfusão por Angioplastia Transluminal Coronariana Percutânea Primária (desobstrução da artéria causadora do infarto) poderá ser realizada via radial direita ou via braquial direita, e podendo ser feita também, por via femoral.

A monitorização cardíaca na abordagem inicial, é essencial para checar os níveis de Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca (FC), Frequência Respiratória (FR), Saturação do Oxigênio (Sat O2).

Outro passo de suma importância, é a realização do MONA (Morfina, Oxigênio, Nitratos, Aspirina), de acordo as recomendações médicas. A Morfina, reduz a pré-carga do ventrículo direito, diminui a resistência vascular sistêmica e tem efeito analgésico sobre o Sistema Nervoso Central, reduzindo ansiedade do paciente. O Oxigênio, limita a lesão miocárdica isquêmica e reduz a intensidade da elevação do segmento ST. Os Nitratos, são agentes vasodilatadores e funcionam para reversão de eventual espasmos e/ou para alivio da dor anginosa. E a Aspirina, age impedindo a agregação plaquetária e reoclusão coronária.

 

O tempo no atendimento ao paciente com IAMCSST, é um fator decisivo para o sucesso do tratamento. Segundo as diretrizes o tempo de chegada do paciente ao hospital com sintomas sugestivos de Infarto Agudo do Miocárdio até a realização do eletrocardiograma (ECG), deve ser no máximo de 10 minutos, denominado Tempo Porta-ECG. E o tempo entre a chegada do paciente ao hospital até a realização do tratamento por Intervenção Coronária Percutânea (ICP) deve ser,de no máximo, 90 minutos,o que chamamos de Tempo Porta-Balão.

 

TEMPO PORTA-ECG

 

O eletrocardiograma é o exame que  comprova o quadro de infarto do paciente, ou seja, as alterações eletrocardiográficas dão o diagnóstico do IAM sem supra, ou com supra de ST. Por este motivo, o ECG deve ser realizado o mais ágil possível pela equipe hospitalar. Como foi dito acima, o ideal é que a realização do mesmo, seja em um tempo menor que 10 minutosdesde a entrada deste paciente no setor hospitalar.

Segundo estudos, um Eletrocardiograma executado no local de atendimento e interpretado por um médico habilitado, reduz em 18% o tempo porta-balão, além de proporcionar maiores taxas de tempo porta-balão ideal (menor do que 90 minutos – 82,3% quando o ECG foi realizado versus 70% quando o ECG não foi realizado), sendo assim, reduz a mortalidade em pacientes com IAMCSST.

 

TEMPO PORTA-BALÃO

 

De acordo com as recomendações da American HearthAssociation, este tempo deve ser menor que 90 minutos. O tempo porta-balão, consiste ao tempo de entrada do pacientecom os sintomas de infarto na unidade hospitalar, até o momento em que ocorre a reperfusão do paciente no setor de hemodinâmica por meio de Angioplastia Coronariana, onde ocorre a insuflação do balão e/ou colocação de Stent, para desobstrução da coronária. O ideal é que todo esse processo, seja menor que 90 minutos, não podendo ultrapassar 120 minutos.

 

     Em suma, podemos perceber a importância do tempo relacionado ao paciente vítima de Infarto Agudo do Miocárdio, e que a agilidade nestas situações, aumenta a sobrevida dos pacientes, reduzindo a mortalidade imediata e tardia. Vale ressaltar a importância de procurar um centro médico com estrutura de Hemodinâmica, para assim, melhor prognóstico e tratamento das doenças cardíacas de emergência.

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

PIEGAS, LS et al . V Diretriz da Sociedade Brasileira de Cardiologia sobre Tratamento do Infarto Agudo do Miocárdio com Supradesnível do Segmento ST. Arq. Bras. Cardiol.,  São Paulo ,  v. 105, n. 2, supl. 1, p. 1-121,  Aug.  2015 .  

 

CAMPOS, H.A.B et al . Impact f the implementation of hospital work processes on reduced door-to-ballon time. Rev. Bas. Cardiol. Invasiva.,Belo Horizonte. 2017; 25 (1-4): 7-11.

 

Enfa Camila de Lyra Mattos

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